Comorbidade: Transtorno do Déficit de Atenção nas Dependências Químicas
Comorbidade: Transtorno do Déficit de Atenção nas Dependências Químicas
O conceito de comorbidade só se torna relevante quando pacientes com um dos transtornos têm um risco maior de desenvolver o outro, ou se a co-ocorrência altera significativamente o prognóstico, curso, resposta ao tratamento, ou resultados de um ou ambos os transtornos1.
A relação entre o TDAH e abuso de substancias vem sendo objeto de relatos de caso e de pesquisas há muito tempo2,3 e esta comorbidade torna-se um tema obrigatório para aqueles profissionais que lidam com qualquer um dos dois transtornos, já que pacientes que apresentam tal comorbidade tem necessidades específicas, e tendem a responder ao tratamento de forma peculiar, necessitando de abordagens especificamente direcionadas às suas necessidades.
O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade foi descrito pela primeira vez em 1902 pelo pediatra inglês George Still; antigamente chamado Disfunção Cerebral Mínima; até pouco tempo só tinha sua existência reconhecida entre as crianças, afetando de 6% a 9% delas4; acreditava-se que haveria remissão espontânea dos sintomas da síndrome durante a adolescência. Hoje se sabe que em 10% a 65% dos casos, a síndrome permanece até a idade adulta5,6, com sintomas suficientemente debilitantes para comprometer o desempenho acadêmico ou profissional, as relações interpessoais e para tornar tais pessoas mais suscetíveis de desenvolver uma série de patologias psiquiátricas: transtornos do humor, transtornos de ansiedade, transtornos de conduta, transtornos de aprendizagem, transtornos do uso de substâncias7,8.
A respeito do nome da síndrome, “déficit de atenção” não é exatamente o problema; trata-se, na verdade, de uma falta de consistência no controle e no direcionamento da atenção; sendo tais pessoas capazes, às vezes, de momentos de hiperconcentração, imprevisíveis9. Atualmente, trabalha-se com um conceito mais amplo da atenção, fruto de estudos cognitivos, onde os processos cognitivos responsáveis pelas funções executivas são divididos em cinco grupos1:
1. ativação e organização para o trabalho
2. atenção sustentada e concentração
3. esforço sustentado
4. manejo de interferências afetivas
5. memória de trabalho