Resposta ao Professor Dr. Jorge Michalani – O problema da proibição do álcool – J.Brás.Psiquiatria – vol 53(6): 393-4, 2004
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Resposta ao Professor Dr. Jorge Michalani – O problema da proibição do álcool – J.Brás.Psiquiatria – vol 53(6): 393-4, 2004
Prof.Dr Ronaldo Laranjeira
Professor de Psiquiatria da UNIFESP
Coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD)
O Professor Michalani, professor titular aposentado de patologia da Escola Paulista de Medicina, vem de uma tradição intelectual consistente que foi a medicina do século XIX, com toda ênfase na observação dos fenômenos biológicos e o rigor conceitual. Infelizmente quando fez observações sobre as idéias defendidas por mim no Jornal do CREMESP de novembro de 2003, o fez com uma emoção incomum para intelectuais desse perído, que foi a pressa em ler e refletir sobre o que leu. Se tivesse lido com um rigor esperado de alguém com essa tradição teria visto que nem eu e muito menos as mais de 300 organizações que assinaram o manifesto em defesa de uma política do álcool não defendemos a proibição do álcool. Também temos um visão histórica e sabemos que nas sociedades ocidentais a proibição do álcool não é uma opção. Sabemos, no entanto, que o controle social do álcool é inevitável numa sociedade democrática.
Todo esse movimento social , que busca um maior controle social em relação ao álcool, felizmente, recebe grande apoio agora no Brasil das principais instituições médicas como os Conselhos Regionais de Medicina, e em especial o CREMESP; o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Medicina. Esse apoio se dá essencialmente porque o álcool é um dos principais problemas de saúde pública e representa pelo menos 4% de todas as doenças no Brasil (Revista Brasileira de Psiquiatria – Suplemento Álcool e a Psiquiatria – 2004). As idéias defendidas não são frutos de uma reflexão individual mas de um consenso organizado pela Organização Mundial da Saúde, que em publicação recente (Alcohol: no ordinary commodity – Thomas Babor e col, OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2004) corrobora com fortes evidências científicas as principais políticas que deveriam ser implementadas em qualquer país.