Impacto de um curso em diagnóstico e tratamento do uso nocivo e dependência do álcool sobre a atitude e conhecimento de profissionais da rede de atenção primária à saúde
Impacto de um curso em diagnóstico e tratamento do uso nocivo e dependência do álcool sobre a atitude e conhecimento de profissionais da rede de atenção primária à saúde
Cláudio Jerônimo da Silva
Introdução: O uso do álcool é um problema de saúde pública. Diversos problemas estão associados a ele. A rede primária é o primeiro local de acesso ao serviço público; portanto, os profissionais devem estar preparados para fazer diagnóstico precoce e aplicar Intervenção Breve aos usuários do álcool, mas existem barreiras: a falta de treinamento, a falta de políticas públicas eficazes, e as Atitudes negativas em relação aos dependentes do álcool. Objetivos: Elaborar um curso para ser aplicado aos profissionais da Rede Primária de Saúde com foco na mudança dos Conhecimentos e das Atitudes negativas. Espera-se que o curso ajude os profissionais a identificarem precocemente usuários de álcool de alto risco, usuários nocivos e dependentes e a aplicarem Intervenção Breve (IB). A IB pode ser aplicada em 10 ou 15 minutos de consulta e tem se mostrado eficaz. Método: Foi elaborado um curso de curta duração e ministrado a uma amostra de conveniência de 178 profissionais (médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de enfermagem e agentes de saúde). Três escalas foram utilizadas: escala de Atitudes; escala de Conhecimentos e Informações Gerais. Elas foram aplicadas em três momentos diferentes: antes de ser ministrado o curso; imediatamente após; e uma medida de follow-up depois de dois anos. Resultados: Da amostra inicial, seis profissionais foram eliminados do estudo. A amostra final contou com 172 participantes. Para o follow-up,devolveram os questionários 141 profissionais. Quanto à formação, a amostra constituiu-se de 19 enfermeiros (11%); 23 (13,4%) técnicos de enfermagem ou agentes de saúde; 10 psicólogos (5,8%) e 100 médicos (58,1%). Em relação a treinamento em dependência química, 107 profissionais (62,2%) não tinham recebido nenhum treinamento na graduação; Depois de formados, 165 (95,9%) não tinham recebido nenhum treinamento. Procedeu-se a uma Análise Fatorial da escala de Atitudes e 5 fatores foram formados. Na Análise de Cluster, os profissionais foram agrupados segundo os fatores: preparação; pessimismo sobre o prognóstico; etiológico moral; preconceito pessoal; controle do uso. Na análise de comparações múltiplas verificou-se principalmente que o grupo 1 é o mais preconceituoso de todos. É formado na sua maioria, por técnicos. O grupo 2 considera-se o mais despreparado e menos moralista.