Diretrizes da associação brasileira de estudos do álcool e outras drogas (ABEAD) para o diagnóstico e tratamento de comorbidades em dependência ao álcool e outras drogas
Acesse: Artigo Comorbidade psicose e Dependencia Quimica.pdf
Diretrizes da associação brasileira de estudos do álcool e outras drogas (ABEAD) para o diagnóstico e tratamento de comorbidades em dependência ao álcool e outras drogas
Capítulo: Dependência química e transtornos psicóticos
Felix H. P. Kessler
O presente capítulo tem como objetivo revisar os princípios mais atuais da avaliação e tratamento dos pacientes com diagnóstico duplo de síndromes psicóticas e uso de substâncias psicoativas. Serão apresentados dados epidemiológicos, teorias etiológicas, problemas de diagnóstico diferencial e discussão sobre o tratamento através de uma ampla visão da literatura.
Em razão da dificuldade de caracterizar os episódio de psicose nesses pacientes, decidiu-se também descrever detalhadamente os sintomas psicóticos associados a cada tipo de droga, bem como a sua correlação com os sintomas e o tratamento da esquizofrenia. Um algoritmo foi montado para facilitar o raciocínio diagnóstico e o tratamento.
Priorizaram-se artigos com metodologia adequada e revisões realizadas por autores renomados nessa área. Espera-se que esse trabalho possa auxiliar os profissionais que trabalham com tal grupo de pacientes, uma vez que muitas dúvidas ainda permeiam esse complexo tema.
Epidermologia
O abuso de substâncias psicoativas e psicose são comumente encontrados em conjunto. No Epidemiological Catchment Área Study (ECA) (1) – falta colocar na bibliog), a prevalência encontrada dos transtornos relacionados ao uso dessas substâncias foi de aproximadamente 47% nos indivíduos com esquizofrenia, incluindo 34% com abuso de álcool e 28% com abuso de drogas, comparado a 13.5% de abuso de álcool e 6.1% de abuso de drogas. Essa prevalência medida através de estudos realizados em locais de tratamento também variou de 25 a 75% (2,3,4). Vários outros estudos confirmaram esses dados e demonstraram que a prevalência varia com o tipo de droga e a maioria com um alto índice de tabaco, álcool, maconha (5, 6, 7, 8, 9, 10). Uma revisão da literatura epidemiológica nessa área concluiu que os dados já publicados sobre o aumento do abuso de álcool e drogas em indivíduos esquizofrênicos e portadores de outros transtornos psicóticos ainda são controversos e apresentam problemas metodológicos a serem reparados (11). A maioria dos autores concorda que o padrão de consumo varia consideravelmente entre os países, mas que provavelmente exista uma maior propensão ao abuso de estimulantes nessa população