16 de novembro de 2024

Dia Mundial sem Tabaco – Rede de Tratamento do Tabagismo o SUS

31 de maio de 20217min112
Stubbed out cigarette butt

*Por Adriana Moraes

Celebrado em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar e orientar as pessoas sobre os riscos do tabagismo, que é a principal morte evitável no mundo.

Considerado uma doença crônica devido à dependência da nicotina, o tabagismo é reconhecido como uma dependência química que expõe os indivíduos a inúmeras substâncias tóxicas. Desde 1997, a dependência de nicotina está inserida na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), item F 17.2 (Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de tabaco) no grupo de transtornos decorrentes do uso de substância psicoativa.

O quadro de dependência (doença crônica caracterizada pela busca e uso compulsivo de determinada substância psicoativa, na qual um indivíduo despreza qualquer efeito ou evento adverso referente ao uso) resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de auto-administração caracterizado pela necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde.

A nicotina é a principal substância psicoativa do tabaco e apresenta ação estimulante no sistema nervoso central (SNC). A nicotina é rapidamente absorvida pelos pulmões, atingindo o cérebro num período curto de tempo de 9 a 10 segundos. [1]

Efeitos do uso do tabaco

O psiquiatra Dr. Ronaldo Laranjeira e a psicóloga Neide Zanelatto no  livro “O tratamento da dependência química e as terapias cognitivo-comportamentais: um guia para terapeutas” relatam que embora o primeiro cigarro fumado seja preponderantemente marcado por efeitos desagradáveis, por exemplo, dor de cabeça, tonturas, nervosismo, insônia, tosse e náusea, a diminuição desses sintomas é rápida e dessa forma o consumo diário se estabelece.

O comportamento do dependente de substâncias, entre eles, o usuário de cigarro, têm como características a busca pelo alívio.

O fumar começa igualmente a ser associado a diversas situações pelas quais o indivíduo passa: se ele está nervoso, fuma; se está tenso, fuma; se está triste, fuma, se tem que pensar em uma solução, e assim por diante, para cada uma das situações mencionadas, a resposta será o fumo.

Passado o desconforto provocado pelas primeiras tragadas do cigarro, entre eles, mal-estar, tontura, náuseas, o fumante passa a experimentar uma sensação de prazer. Dá-se a impressão que ao fumar, os problemas ficam menores, diminuindo a angústia, a inquietação, o estresse, muitas vezes o dependente sente-se mais seguro em suas atividades com o uso do cigarro.

O cigarro é visto como o grande “vilão” por trás do câncer de pulmão, já que é considerado responsável pelo surgimento da doença. Segundo os médicos especialistas, somente com o controle do tabagismo que se pode reprimir o número de casos de câncer de pulmão.

Qual é o retrato do uso de tabaco no Brasil? [2]

A prevalência do tabagismo no Brasil caiu significativamente, como evidenciado na série histórica de 2006-2017 do “Sistema Telefônico para a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis”, que demonstrou:

– Diminuição no número de tabagistas de 19,5 % para 10,1%, traduzindo-se em uma redução de 48,2%.

– Embora os fumantes representassem apenas 10,1% da população geral em 2017 (13,2% da população masculina e 7,5% da população feminina), ainda havia 18,2 milhões de fumantes com idade igual ou superior a 18 anos naquele ano.

A cartilha “Parar de fumar: um guia de autoajuda” trás alguns dados importantes, retirados do site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPA, 2019):

O tabaco mata até metade de seus usuários. A Organização Pan-americana de Saúde – OPAS (2019) estima que mais de 8 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência do uso do tabaco. Mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão são resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.

Tratamento

Caso queira parar de fumar entre em contato com a Rede de Tratamento do Tabagismo no SUS (Sistema Único de Saúde) e busque informações. O tratamento inclui avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva. [3]

*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

Referências:

[1] Zanelatto, Neide. A. O tratamento da dependência química e as terapias cognitivo-comportamentais: um guia para terapeutas/ Organizadores, Neide A. Zanelatto, Ronaldo Laranjeira – Porto Alegre: Artmed, 2013.

[2] Laranjeira, Ronaldo Parar de fumar [recurso eletrônico]: um guia de autoajuda / Ronaldo Laranjeira, Sérgio Marsiglia Duailibi, Cláudio Jerônimo da Silva. – Brasília: Ministério da Cidadania; Florianópolis: SEAD/UFSC, 2021.

[3] https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo/tratamento


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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