Falta atenção à saúde mental de quem vive nas ruas
Jornal da USP
Para Paulo Saldiva, doentes mentais e dependentes químicos precisam de tratamento adequado, o que eles não encontram nas ruas
As ações na Cracolândia despertaram a atenção para uma triste realidade: faltam leis em saúde mental para os moradores de rua. Entre eles, há dependentes químicos, alcoólatras e também doentes mentais. Passear pelo centro da cidade é como visitar uma enfermaria psiquiátrica a céu aberto, com a diferença de que os doentes não se beneficiam de nenhum tipo de tratamento.
O professor Paulo Saldiva, em sua coluna “Saúde e Meio Ambiente”, observa que o termo tratamento psiquiátrico carrega consigo um forte estigma, que remete ao que ocorria no passado, quando choques elétricos ou confinamentos em instituições mentais faziam parte da realidade dos doentes mentais. Isso levou a que o tratamento passasse a ser feito em hospitais gerais ou em domicílios – neste caso, sob responsabilidade da família. Saldiva admite que é preciso internar esses doentes, apesar da falta de leitos, por exemplo, e da própria questão envolvendo uma suposta invasão a suas liberdades individuais. É um problema complexo, mas que exige uma solução. As doenças mentais e a dependência química são das que mais trazem sofrimento ao ser humano.