Livro: “CRATOD 15 anos – uma proposta de cuidado ao dependente químico”

“O Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas se transformou na maior unidade de atendimento de substâncias psicoativas da América Latina” David Uip – Secretário de Estado da Saúde de São Paulo


Conversei com o Dr. Luiz, falamos sobre organização e o lançamento do livro, motivos para comemorar, programas de reinserção social, desafios e perspectivas para os próximos 15 anos.
Quais são os principais motivos para comemorar os 15 anos do CRATOD?
Dr. Luiz quando surgiu a ideia do livro “CRATOD 15 anos: uma proposta de cuidado ao dependente químico” e qual seu objetivo principal?
A ideia do livro surgiu no início do ano de 2017 paralelamente ao processo de idealização do I Congresso Paulista de Dependência Química. Ambos eventos surgem da necessidade de reflexão sobre nosso processo de trabalho, para aprimoramento das nossas práticas, assim como para divulgar para o restante do Estado e mesmo do Brasil, como ocorre o processo de trabalho baseado nas evidências científicas atuais no CRATOD.
Como foi organizar um livro em tão pouco tempo e com tantos autores envolvidos?
Foi um tremendo desafio. No entanto, com uma equipe tão bem capacitada e colaborativa, o desafio foi se tornando mais leve e o resultado muito satisfatório.
Fale um pouco sobre a construção deste trabalho, escolha do título “CRATOD 15 anos: uma proposta de cuidado ao dependente químico”, convidados e a missão do livro.
O processo de construção foi pensado a diversas mãos e cabeças. Foram várias reuniões para definição dos temas e inclusive a proposta do livro foi discutida nas reuniões do serviço com toda a equipe técnica. A escolha dos temas e autores veio de nossa prática, a partir daqueles que relataram o desejo de participar da obra. A missão principal do livro foi repensar nosso processo de trabalho e divulgar a experiência do CRATOD no cuidado ao dependente químico. É um trabalho inicial que pretendemos aprimorar, para que esse livro torne-se um guia para o cuidado desses indivíduos tão marginalizados pela sociedade e possibilite a redução do estigma relacionado ao uso de substâncias.
Quais foram os principais temas abordados?
Os principais temas foram: A formação da cena de uso aberta Cracolândia e história da formação do CRATOD. Ações de baixa exigência na região da Luz e o trabalho conjunto do CRATOD com a Unidade Recomeço Helvetia. O tratamento ambulatorial no CAPS CRATOD. O tratamento de Urgência ofertado pelo CRATOD. Trabalhos de Reinserção no CRATOD. Políticas públicas relacionadas a dependência química e uso de substâncias psicoativas. Perspectivas para o futuro no cuidado ao dependente químico.
O livro está dividido em 07 seções, qual delas o Sr. considera de maior importância?
Todas as seções são importantes, já que abordam temas distintos na dependência química. Sabemos que trata-se de assunto complexo e que o tratamento necessita de abordagem multidisciplinar e que as ações precisam de esforços intersetoriais. Tendo isso em vista, o livro está dividido em 07 seções e cada uma delas aborda um aspecto igualmente importante no cuidado.
O capítulo 6, é sobre a cozinha experimental, como é realizado esse trabalho?
O trabalho da cozinha experimental foi possível graças a união de esforços do CRATOD, com a Unidade Recomeço Helvetia e da profissional responsável pelo trabalho, Desiree. Trata-se de uma ação de baixa exigência, realizada no Centro de Convivência Helvetia, a partir de aulas de culinária para os usuários, com confecção de pratos, doces e salgados, feitos pelos próprios usuários, sob orientação de Desiree. Trata-se de atividade na qual eles se dedicam sem uso de substâncias psicoativas. Ao final da atividade eles comem os pratos preparados e através da técnica de manejo de contingências, de acordo com a presença e desenvolvimento na atividade, a cada 15 dias, recebe-se o direto de participar de um grande almoço preparado também por eles próprios. Existe alta adesão nessa atividade.
A Seção 5 do livro fala sobre Programas de Reinserção Social realizados no CRATOD, cite alguns desses programas.
Há várias iniciativas, algumas relacionadas a trabalho, como o Time do Emprego e a Oficina de Trabalho realizados no CAPS CRATOD, assim como outras iniciativas relacionadas a moradia, como Moradia Monitorada e Casa de Passagem, equipamentos pioneiros do Desenvolvimento Social e Saúde. Outra estratégia é o uso das Comunidades Terapêuticas, um dos pilares da reinserção no Programa Recomeço.
Fale um pouco sobre o capítulo final “Desafios e perspectivas para os próximos 15 anos”.
A partir da análise do trabalho que realizamos, observamos diversas áreas ainda muito frágeis e que necessitam de maiores investimentos e aprimoramento. De tal maneira, o Dr. Marcelo Ribeiro organizou em 10 tópicos as metas a serem atingidas nos próximos 15 anos no que tange o cuidado ao dependente químico.
Este livro, disponível em PDF poderá ser usado como um manual para profissionais que atuam na área da dependência química?
Este livro relata a experiência do CRATOD, pensando no território em que se insere. Cada território terá demandas distintas, de tal maneira, os serviços terão demandas distintas das observadas pelo CRATOD. No entanto, o livro pode sim servir de guia para aprimoramento das técnicas de trabalho e também como um modelo das diversas experiências. Como relatado anteriormente, pretendemos que a segunda edição seja ainda mais baseada em evidências e que então possa ser um guia completo desse cuidado tão complexo.
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
Referências
[2] Livro – CRATOD 15 anos: uma proposta de cuidado ao dependente químico https://www.spdm.org.br/images/uniad/Cratod_15_anos/CRATOD_15_ANOS.pdf