26 de dezembro de 2024

Legalização da maconha muda fluxo do tráfico entre EUA e México

2 de dezembro de 20165min31
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Agência Brasil

Da Agência Ansa 
 
(imagem reprodução)

O tráfico de drogas entre o México e os Estados Unidos está invertendo o seu fluxo, após a legalização do uso recreativo da erva ser aprovada em mais quatro estados americanos, no referendo do último dia 8 de novembro nos EUA. As informações são da Agência Ansa.

Durante a recente eleição presidencial norte-americana, vários referendos foram votados, como a pena de morte, o ajuste do salário mínimo e a legalização do uso recreativo da cannabis – que foi aprovada nos estados da Califórnia, Massachusetts, Nevada e Maine. Além dessas quatro aprovações, a medida já existia em outros quatro estados americanos e na capital Washington D.C. Além disso, a legislação quanto ao uso medicinal da planta já está em vigor em 28 estados.

O fato é que as decisões estadounidenses estão promovendo o contrabando da maconha americana principalmente para o México, que já tem sinais de rumos radicalmente diferentes. “É o que eu chamaria de contrabando inverso: agora a maconha vai dos EUA para o México”, afirmou Bernando Ng Solís, presidente da Associação de Psiquiatras Latinos dos EUA, durante uma conferência sobre “Drogas e Saúde Mental” no México.

“É muito fácil conseguir maconha medicinal na Califórnia e há quem a traga para o México agora para consumo e para revenda aqui, depois de ter conseguido a erva legalmente nos EUA”, declarou  Solís. O México é o maior produtor de maconha do continente americano e continua sendo uma indústria multimilionária dirigida clandestinamente por organizações criminosas.

Enquanto isso, para uma boa parte dos EUA e em breve, provavelmente, o Canadá – onde em 2017 será votada a proposta de legalização – essa indústria cada vez mais demonstra que cairá nas mãos de empresários privados. Um estudo do Instituto Mexicano para a Competitividade (IMCO) considera que a legalização da maconha para fins recreativos em, ao menos, um quinto dos estados dos EUA seja um golpe formidável para os narcotraficantes do México.

“Perder essa fonte de comércio seria a mudança mais estrutural no narcotráfico desde a chegada massiva da cocaína – entre os anos de 1980 e o começo de 1990”, destacou o presidente do IMCO. O especialista Alejandro Hope prevê que este processo resultará, no final, na legalização da droga também no México; porém, é preciso superar numerosos obstáculos para isso, entre eles a opinião pública. Um pesquisa local mostrou que 76% dos mexicanos rechaçam a legalização recreativa da erva e que 74% são a favor do uso terapêutico.

Incentivo

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, enviou ao Congresso, em abril do ano passado, uma medida para incentivar para o uso da planta na medicina e para aumentar a dose mínima permitida  para porte pessoal de cinco para 28 gramas. A proposta enfrentou dura resistência principalmente pelo último aspecto. A Igreja Católica junto com frentes conservadoras não querem aumentar a quantidade para porte.

As mudanças norte-americanas afetam diretamente no narcotráfico mexicano, defende o ex-chanceler do país Jorge Castañeda, que propõe às autoridades federais mexicanas “fechar os olhos” quanto ao trâmite da maconha. É “absurdo continuar sacrificando vidas e recursos para queimar as plantações” e colocar postos de controle quando depois de atravessar a fronteira “a maconha é legal”, diz ele.

Edição: Augusto Queiroz


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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