Cracolândia tem 77% menos frequentadores e dificuldade para consumo de crack, diz pesquisa
Portal do Governo – SP
Primeira pesquisa pós-ação em 21 de maio, do Governo do Estado e Prefeitura de São Paulo na Cracolândia, revelou uma diminuição de 77% no número de frequentadores. Em maio eram 1.861, e em julho foram contadas 414 pessoas. A pesquisa foi realizada com os dependentes químicos que permaneceram nas Ruas Helvetia, Dino Bueno e Alameda Cleveland. O monitoramento foi solicitado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo (SEDS), realizado em consultoria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Dos quase 69,1% que declararam usar crack atualmente, 51,9% referiram que o consumo diminuiu após a operação. De acordo com a análise, o acesso ao crack ficou 38,5% mais difícil. O estudo conhecido como “terceira onda” coletou dados entre 24 a 31 de julho de 2017 por amostragem probabilística. Análises anteriores aplicaram a mesma metodologia. (Acesse aqui estudo divulgado em junho).
Houve diminuição no número de mulheres de 34,5% para 16,9%. A maioria são homens, sendo 71,8%. Dos entrevistados, 55% responderam que realmente estão motivados a cessar o consumo e realizar tratamento – um aumento de 44% em relação ao último levantamento. Além disso, 68% acham que conseguiriam parar de usar crack se fizessem um tratamento para dependência química. Questionados sobre o que motivaria sair da região, 80% apontaram o trabalho, 66% tratamento, 52% amparo familiar e 42% residência.
Em relação à motivação para frequentar a Cracolândia, 52% disseram que o crack é mais disponível, 49% dos entrevistados responderam que usar é mais seguro, 44% referem o acesso a serviços de saúde – para os pesquisadores o dado demonstra a necessidade de procura por tratamento. Depois de mudar para a Cracolândia, 78,3% nunca retornaram para casa, sendo que 66% referem contar com a família em situações de emergência.
Das substâncias que já causaram perda de consciência, 45,5% perderam pelo crack, 18,2% por maconha e 27,3% pelo álcool. Destes, 53% fizeram avaliação de saúde no último ano, sendo que 20% apontaram o Centro de Referência em Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) como mais utilizado. Questionados sobre a busca por serviços de tratamento da dependência química, 50,7% procuraram no último ano e 53% estão procurando ajuda no momento.
Os frequentadores também opinaram sobre o policiamento da região. Sobre a GCM, 42,3% se sentem intimidados, 31% acham ser indiferente e 26,8% relataram que protege. Em relação à Polícia Militar, 45,1% se intimidam, 31% acham indiferente e 23,9% se sentem protegidos.
Sobre o destino, daqueles que permaneceram pós-ação, 49% foram para a Praça Santa Isabel; 16,3% ficaram em situação de rua, mas fora da região; 8,2% dormiram em centros de acolhida. 4,1% foi para uma instituição de tratamento/acolhimento. Em relação ao preço, 26,8% declararam que o valor do crack encareceu e 68,3% referiram estar igual.
Dos entrevistados, 73,3% vieram de casa ou de familiares; e 8,7% vieram de instituições ou albergues. A pesquisa mostrou que 33,8% das pessoas frequentam a Cracolândia há 5 anos ou mais, 26,8% de 1 a 5 anos. Além disso, 45,8% estão em situação de rua, sendo que 28,6% estão há cinco anos ou mais no local.
Cerca de 38% vieram de outros estados e 48,6% de São Paulo e região metropolitana. Quanto aos serviços oferecidos na região, 77,3% já usavam e continuam usando, 20,4% não usavam, mas agora usam alguns. Dos mais bem avaliados estão, o Atende (94%), Unidade Helvétia Recomeço (87%), a Unidade Básica de Saúde – UBS, Assistência Médica Ambulatorial – AMA e a Unidade de Pronto Atendimento – UPA (81%), o Centro de Referência em Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) e Projetos Sociais/ONGs (71%).