30 de janeiro de 2025

Antônio Geraldo: Novo ano, novos hábitos; existe consumo positivo de bebidas alcoólicas?

28 de janeiro de 2025165min36
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Álcool é frequentemente associado à descontração e à socialização, mas não é indispensável

Apesar de seu consumo ser amplamente aceito socialmente, os impactos negativos das bebidas alcoólicas superam qualquer possível benefício. Elas prejudicam tanto a saúde física quanto mental, além de comprometerem a qualidade de vida e o bem-estar de quem as consome e até mesmo as do seu entorno.

O início de um novo ano é tradicionalmente um momento de reflexão, quando avaliamos hábitos e nos propomos a mudanças para uma vida mais saudável. Nesse contexto, a decisão de reduzir ou eliminar o consumo de álcool aparece como uma resolução crescente e relevante. Embora beber socialmente ou ocasionalmente seja visto como algo inofensivo, é essencial questionar os impactos reais dessa prática e reavaliar sua presença na rotina.

O álcool é frequentemente associado à descontração e à socialização, mas a verdade é que ele não é indispensável para nenhum desses momentos. A ideia de que o álcool desinibe ou relaxa é um mito: na prática, ele reduz o autocontrole, tornando as pessoas mais vulneráveis a situações embaraçosas ou abusivas, além de poder levar à dependência com o tempo. A maioria dos acidentes automobilísticos, homicídios, agressões às mulheres e afogamentos em adultos estão relacionados ao uso do álcool.

Os danos físicos causados pelo consumo de álcool são amplamente conhecidos, afetando órgãos como fígado e coração, e aumentando o risco de doenças graves como cirrose, hipertensão e câncer. Além disso, seu consumo constante acelera o envelhecimento, reduz o vigor físico e afeta negativamente a aparência. No entanto, os prejuízos à saúde mental são ainda mais alarmantes. O consumo de álcool está associado a transtornos como ansiedade, depressão, insônia e comportamentos impulsivos, que podem resultar em situações negativas de consequências irreparáveis.

É preciso também desconstruir a ideia equivocada de que o álcool ajuda a dormir melhor. Na verdade, ele interfere no ciclo natural do sono, impedindo um descanso reparador. Também, usar o álcool na tentativa de lidar com o estresse ou justificar comportamentos inadequados apenas mascara os problemas, adiando a adoção de estratégias saudáveis e eficazes para enfrentar desafios emocionais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o impacto do consumo de álcool na longevidade é significativo: as mulheres perdem, em média, 1,4% de anos de vida útil devido ao consumo de álcool, enquanto os homens perdem 7,4%. Esses dados não apenas revelam a redução do tempo de vida, mas também expõem os danos cumulativos que o consumo causa ao bem-estar, à estética e ao vigor ao longo dos anos. Ademais, o álcool pode funcionar como uma espécie de chamariz na seara de outros vícios como tabagismo e drogas ilícitas.

Reduzir ou abandonar o consumo de álcool começa com uma reflexão honesta: “Por que estou bebendo? É algo que realmente desejo ou é um hábito que sigo por pressão social ou rotina?” Identificar suas motivações é essencial para criar novos hábitos. Estabelecer limites claros ou até mesmo parar imediatamente o consumo pode trazer benefícios significativos para a saúde física, mental e emocional.

Se você tem dúvidas sobre os impactos negativos do álcool, se existe quantidade segura ou os danos que ele pode causar ao organismo, o médico-psiquiatra é o profissional mais adequado para oferecer orientações fidedignas. Ele pode ajudar na adoção de estratégias e cuidados preventivos, e, caso já exista dependência, é o especialista mais capacitado para oferecer um tratamento seguro e eficaz. O acompanhamento profissional é essencial para garantir resultados positivos e promover uma mudança que seja duradoura e transformadora. Lembre-se: quanto antes buscar ajuda, maiores serão os benefícios para sua saúde e qualidade de vida.

Se você precisar, peça ajuda!

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*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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