A importância da conscientização contínua sobre depressão e riscos de suicídio: além do Setembro Amarelo

17 de junho de 20248min342
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*Por Adriana Moraes

É essencial falarmos sobre depressão e os riscos de suicídio em todas as épocas do ano, não se limitando apenas à campanha do Setembro Amarelo. A conscientização contínua sobre essas questões é fundamental para promover a saúde mental e garantir que aqueles que estão lutando contra a depressão ou pensamentos suicidas (ideias ou impulsos que uma pessoa tem sobre tirar sua própria vida) recebam o apoio e os recursos necessários em qualquer momento.

Pessoas com depressão muitas vezes experimentam uma sensação avassaladora de desesperança, desamparo e vazio emocional. Esses sentimentos intensos podem levar a pensamentos autodepreciativos e a uma visão distorcida da realidade, onde a morte parece ser a única maneira de escapar do sofrimento emocional insuportável. Além disso, a depressão pode afetar a capacidade de uma pessoa raciocinar logicamente e tomar decisões com clareza, aumentando o risco de pensamentos suicidas.

Estes pensamentos podem variar de vagos desejos de morrer a planos detalhados de como cometer suicídio. Eles podem surgir como uma resposta a uma situação de estresse extremo, desespero, ou como uma forma de escapar da dor emocional intensa que a pessoa está enfrentando. Pensamentos suicidas são um sintoma sério de angústia mental e devem ser levados a sério, requerendo intervenção e apoio adequados.

Quando a depressão se instala, ela pode criar uma atmosfera de desespero que parece envolver a pessoa, sufocando qualquer esperança ou sentido de propósito. Nesse estado de profunda angústia emocional, a ideia de morrer pode surgir como uma alternativa para escapar do sofrimento psicológico intolerável.

Depressão grave
A depressão grave representa a forma mais debilitante da doença, podendo ser potencialmente fatal caso não seja tratada de forma adequada. Seus sintomas são extremamente intensos e persistentes, interferindo profundamente em todas as áreas da vida do indivíduo. Nessa fase, podem incluir pensamentos suicidas, incapacidade de realizar tarefas simples do dia a dia, alterações graves no peso corporal, dificuldade em dormir e problemas de concentração.

Às vezes, a depressão se alia ao desespero, transformando a ideia de morte, inicialmente, essa ideia pode ser rejeitada pela pessoa que sofre, muitas vezes vista como chocante ou inaceitável. No entanto, à medida que a depressão persiste e o sofrimento emocional se intensifica, essa mesma ideia pode começar a ganhar força e aceitação. A pessoa pode começar a sentir que a morte é a única maneira de encontrar alívio de sua dor mental.

Esse processo pode ser exacerbado pela sensação de isolamento e desamparo que frequentemente acompanha a depressão. A pessoa pode se sentir desconectada dos outros e incapaz de expressar seu sofrimento ou pedir ajuda.

A pessoa pode não ver outras opções ou sentir que não há esperança para o futuro. No entanto, é fundamental reconhecer que há sempre alternativas e recursos disponíveis para ajudar aqueles que estão lutando contra a depressão, pensamentos suicidas ou ideias que envolvem desejo, consideração ou planejamento de autolesão ou suicídio.

Tratamento
Em certos casos, a hospitalização pode ser necessária para assegurar a segurança do paciente e proporcionar tratamento intensivo.

A combinação de medicamentos antidepressivos e psicoterapia é uma abordagem amplamente reconhecida e eficaz no tratamento da depressão, especialmente quando se trata de casos moderados a graves.

A principal função da maioria dos antidepressivos é melhorar a comunicação entre os neurônios, reestabelecendo níveis adequados de neurotransmissores como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina. Esses neurotransmissores desempenham papéis essenciais na regulação do humor e do bem-estar emocional.

Os antidepressivos prolongam a ação dessas substâncias nas sinapses, que são os espaços onde os impulsos nervosos são transmitidos de um neurônio para outro, melhorando a comunicação neuronal e ajudando a aliviar os sintomas da depressão.

Eles podem levar semanas para começar a mostrar efeitos notáveis e geralmente são prescritos por um médico psiquiatra, que monitora de perto sua eficácia e quaisquer efeitos colaterais.

Por outro lado, a psicoterapia, especialmente abordagens como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajuda os indivíduos a entender e modificar padrões de pensamentos negativos e comportamentos que contribuem para a depressão. Através do diálogo com um terapeuta qualificado, os pacientes podem aprender habilidades de enfrentamento, identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para lidar com o estresse e os desafios da vida de uma maneira mais saudável.

Serviços públicos e gratuitos
– CAPS (Centros de Atenção Psicossocial)
Os CAPS oferecem atendimento a pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, incluindo a depressão severa.

– Conversas de Vida
O Centro de Promoção de Esperança e Prevenção de Suicídio (Conversas de Vida), também oferece serviços ambulatoriais específicos, às sextas-feiras, entre 13h e 19h, com agendamento prévio para pacientes que não estejam em situação de risco iminente. Endereço: Rua Major Maragliano, nº 241.
E-mail: contato@conversasdevida.com

– SAMU
Tudo que envolve o suicídio é uma emergência médica, em casos de urgência é necessário chamar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), através do número 192.

Em casos de risco iminente de suicídio, recomenda-se a internação psiquiátrica, mesmo que seja necessária a internação involuntária.

*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

Imagem de Rosy / Bad Homburg / Germany por Pixabay


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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