Psiquiatras Dr. Elson Asevedo e Dr. Antônio Geraldo, em entrevistas exclusivas para a UNIAD, falando sobre: suicídio, preconceito e saúde mental
*Por Adriana Moraes
Psiquiatras Dr. Elson Asevedo e Dr. Antônio Geraldo, em entrevistas exclusivas para a UNIAD, falando sobre: suicídio, preconceito e saúde mental
Neste texto, vamos relembrar a opinião de dois renomados psiquiatras, em entrevistas exclusivas para o site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), sobre o tema suicídio, preconceito, saúde mental e onde buscar ajuda especializada.
Dedicamos este mês a conscientização sobre a prevenção do suicídio, atualmente, o Setembro Amarelo é a maior campanha anti estigma do mundo! Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha!”
Tirar a própria vida envolve uma morte traumática que perturba e traz consequências severas aos familiares, amigos, colegas ou mesmo profissionais que lidaram com essa perda. O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. Embora, o suicídio seja um ato que acompanha a história da humanidade é um fenômeno que necessita de maior atenção para que medidas efetivas possam reverter o crescente número de suicídios no mundo.
Psiquiatra Dr. Elson Asevedo – Diretor do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental Vila Mariana (CAISM) [1]
Quais cuidados precisamos ter ao falar de suicídio?
Infelizmente doenças mentais ainda são carregadas de muito estigma e preconceito. Os comportamentos suicidas, que são consequências graves de doenças mentais, são vistos com muito preconceito. Isso dificulta que pessoas em risco para suicídio busquem ajuda, conversem sobre o tema com as pessoas a sua volta que poderiam ser uma fonte de apoio e suporte. Também dificulta que as pessoas próximas reconheçam o problema e ajudem de maneira adequada quem está sofrendo.
Precisamos falar sobre suicídio, para ampliar o conhecimento sobre o assunto e reduzir o preconceito. Frequentemente ouvimos frases preconceituosas e incorretas sobre comportamento suicida, como “quem quer se matar, se mata mesmo”, ou “faz isso para chamar a atenção”, ou “fez isso porque é um covarde”. Nada disso é verdade. As pessoas com comportamento suicida estão em grave sofrimento e precisam de ajuda e tratamento adequado. E existem tratamentos eficazes.
Um ponto importante é como a mídia deve noticiar e discutir o tema. Tanto a Organização Mundial de Saúde quanto a Associação Brasileira de Psiquiatria possuem manuais de recomendação para a mídia para tratar do tema. É importante destacar as alternativas ao suicídio, fornecer informações sobre números de telefones e endereços de grupos de apoio e serviços onde se possa obter ajuda mostrar indicadores de risco e sinais de alerta sobre comportamento suicida.
Psiquiatra Dr. Antônio Geraldo da Silva – Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) [2]
Ainda existe uma forte resistência das pessoas de encarar o suicídio como uma questão de saúde mental? Qual a razão?
Sim. Existem diversos obstáculos que fazem com que o assunto ainda seja tabu nos dias de hoje. Podemos ressaltar como maior obstáculo o estigma relacionado a conhecimentos insuficientes ou inadequados, levando ao preconceito, discriminação e distanciamento social dos doentes mentais.
Precisamos reforçar que quando se tem preconceito, há uma demora maior pela busca do tratamento psiquiátrico e clinicamente um dos maiores desafios é o paciente resistente ao tratamento. Muitas pessoas também abandonam o tratamento por causa do preconceito e estigma que ainda existem em torno dos pacientes psiquiátricos. Essa é uma realidade, que chamamos de Psicofobia, e está presente em diversos aspectos da sociedade, e, infelizmente, um padecente de doença mental que não realiza o tratamento corretamente ou abandona, tem grandes chances de cometer suicídio.
Estima-se que o preconceito e a discriminação que traduzem o estigma da doença mental podem resultar em uma redução na expectativa de vida.
Onde buscar ajuda:
– Conversas de Vida – www.conversasdevida.com
E-mail: contato@conversasdevida.com
– SAMU
Tudo que envolve o suicídio é uma emergência médica, em casos de urgência é necessário chamar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), através do número 192.
Referências:
[1]https://www.uniad.org.br/noticias/entrevistas/setembro-amarelo-confira-a-entrevista-exclusiva-com-o-psiquiatra-elson-asevedo-sobre-prevencao-ao-suicidio/
[2]https://www.uniad.org.br/noticias/politicas-publicas/setembro-amarelo-qual-o-papel-dos-profissionais-de-saude-diante-de-um-cenario-de-risco-de-suicidio/
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).