30 de outubro de 2024

AÇÃO OU REAÇÃO

25 de outubro de 20214min239
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Conviver com um dependente do álcool ou de outras drogas dentro de casa é uma situação insana que leva muitos familiares ao desespero. Como muitos não estão preparados para enfrentar esse desafio, não sabem como agir e numa tentativa desesperada de solucionar o problema apenas reagem às atitudes do outro. Essas reações, além de não solucionar o problema, são combustíveis para os conflitos.

Criar conflitos é uma especialidade de muitos adictos. Enquanto na ativa são verdadeiros mestres na arte das chantagens, das manipulações, das ameaças. Sabem quando é hora de fazer barulhos e quando é hora de se fingirem de coitadinhos.

Precisamos buscar o equilíbrio necessário para não abraçarmos uma loucura que não nos pertence. Aquele que está alterado pelos efeitos das substâncias entorpecentes é ele, não nós. Se chegarem gritando, não adianta gritarmos mais alto. Se estiverem buscando o conflito, nada resolve entrarmos no embate. Não é o momento de confrontarmos enquanto estão sob o efeito das drogas.

Não é esse o momento de tentarmos o diálogo, pois eles não estão em condições de nos ouvir. Não é hora que atacá-los com palavras ofensivas, ameaçá-los ou agredi-los. Nada disso resolve. O mundo do conflito é o mundo deles, não pode ser o nosso. Entrar nesse jogo é derrota certa. As reações não possuem um propósito. São motivadas pelo desespero, seja porque perdemos a paciência ou porque estouramos nossos recursos emocionais. Seja porque estamos com raiva ou porque não sabemos o que fazer.

Outra forma de reação, e isso é uma característica marcante da codependência, é anularmos nossa existência, entregando-a por completo para o domínio do adicto, ou seja, paralisamos todas as nossas ações e apenas reagimos de acordo com os comportamentos deles. Só conseguimos ficar bem se ele estiver bem. Só conseguimos dormir à noite, se ele estiver em casa. Só vamos às reuniões se ele também for. Tudo o que ele deseja, atendemos prontamente. Em geral, deixamos de viver a nossa vida para viver a dele, transformando-o no centro do universo da casa.

Precisamos trocar as reações por ações. Isso exigirá, de nós, a busca de um equilíbrio emocional e comportamental adequados para lidarmos com uma situação de grande complexidade, sem, no entanto, entrarmos no desespero e na loucura do outro.

Abandonar as reações não significa aceitarmos tudo aquilo que o outro faz de errado e se calar, pelo contrário, significa parar de reagir para agir de acordo com nossa personalidade. Significa tomarmos atitudes e nos posicionarmos com muita firmeza e clareza.

Quando trocamos nossas reações por ações assumimos o nosso domínio, sem transferir o controle da nossa vida a uma pessoa adoecida pela dependência. Isso significa que devemos fazer tudo aquilo que precisa ser feito, sem medir esforços na busca da solução do desafio, mas cuidando para que o problema não nos adoeça mais que o próprio dependente, pois um doente não tem forças para ajudar o outro e, como tenho dito, sofrimento de pais não é remédio capaz de salvar nossos filhos.

Celso Garrefa
Sertãozinho SP

Fonte: https://aesertaozinho.blogspot.com/


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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