Enfrentando os malefícios do álcool localmente na cidade de Tarumã, Brasil
Projetar e implementar políticas para reduzir o consumo de álcool é um desafio significativo globalmente. A situação não é diferente no Brasil. O país experimenta os efeitos nocivos do uso de substâncias em diversas áreas. Por exemplo, a labuta do consumo de álcool pode ser sentida no sistema de saúde e na economia. Ele também tem ligações com as taxas de violência doméstica e acidentes de trânsito.
Em um esforço para fazer mudanças localmente, a Dra. Ana Cecilia P. R. Marques, psiquiatra e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo, começou a desenvolver um programa direcionado ao consumo de álcool na cidade de Tarumã. Localizada no estado de São Paulo, Tarumã é uma pequena cidade com 15.300 habitantes (1). Na época do início do programa, a cidade enfrentou em primeira mão os efeitos do consumo excessivo de álcool e drogas, principalmente sua associação com o aumento da violência.
Em 2007, Dr Marques e o prefeito municipal, secretário de saúde, educação e assistência social e lideranças comunitárias lançaram o programa Periscópio. Como descreve o Dr. Marques, atuando na área de educação, saúde e assistência social, o design do Periscópio “pretende chegar a todos os moradores de Tarumã, do feto ao idoso”. O programa aplica uma série de estratégias baseadas em evidências e abordagens comunitárias focadas na prevenção, educação, conscientização e redução do consumo excessivo de álcool e tratamento para pessoas afetadas pelo vício do álcool.
De escolas a bares locais, o programa Periscópio prioriza a abordagem da comunidade na prevenção e conscientização para redução do consumo nocivo de álcool
Desde 2007, o Periscópio passou por quatro fases de implementação, começando com uma avaliação das necessidades locais e recursos, depois o desenho de atividades sob medida e uma avaliação inicial e posterior de desempenho.
A implantação do Periscópio contou com esforços das secretarias municipais de educação, saúde e assistência social. Por exemplo, no setor de educação, o programa se concentrou em atingir crianças, adolescentes e jovens adultos. Como descreve o Dr. Kaled El Sahli, Psiquiatra Pediátrico afiliado ao programa, “o objetivo é convergir de forma bem sintonizada, [para] a saúde dentro da área educacional”.
O programa também incluiu o desenvolvimento de medidas preventivas pró-ativas nas escolas para identificar e abordar fatores de risco na infância para comportamentos de uso indevido de drogas na adolescência. Um protocolo de triagem multidisciplinar foi desenvolvido e aplicado nas escolas, com alunos recebendo terapias psicopedagógicas após serem diagnosticados por uma equipe de treinamento como tendo dificuldades mentais, de aprendizagem, comportamentais e familiares.
Na comunidade, são realizadas fiscalizações de disponibilidade e facilidade de acesso a produtos ilícitos para menores de 18 anos. O programa também inclui reuniões frequentes com pais e outros membros da comunidade, como donos de bares, para desenvolver sua capacidade em primeira mão para realizar intervenções breves sobre álcool.
Colaborações entre as partes interessadas e o apoio das autoridades locais estão entre os principais fatores que contribuem para o sucesso do Periscópio
A implementação em curso do programa Periscópio tem contado com o apoio de várias camadas de stakeholders, desde as autarquias aos profissionais da cidade nas áreas da educação, saúde, assistência social e beneficiários do programa de várias faixas etárias e estratos sociais.
O programa também resistiu às mudanças na administração da cidade. Ao longo de sua trajetória, tem sido consistentemente beneficiado com o apoio dos prefeitos de Tarumã, tanto que, em 2016, o programa foi transformado em política municipal de “atendimento integral ao usuário de álcool e outras drogas” (Lei Municipal 1.199/2016(2). )). Com isso, o programa passa a fazer parte obrigatória do plano plurianual da cidade, ou seja, está incluído nas leis orçamentárias anuais.
A partir da experiência do Periscópio, as cidades interessadas em implementar um programa semelhante devem se concentrar na identificação de prioridades locais, na construção de mecanismos de monitoramento regular e no trabalho entre as partes interessadas em uma abordagem integrada e de toda a comunidade.