Depressão & Abuso e Dependência do Álcool (ADA)
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Depressão & Abuso e Dependência do Álcool (ADA)
Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira
UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas)
Departamento de Psiquiatria EPM UNIFESP
Na prática clínica é muito comum observar que pacientes que abusam do álcool apresentam ao mesmo tempo sintomas de depressão, ansiedade e irritabilidade. É por isso que a literatura psiquiátrica já há muitos anos busca identificar as causas desta associação. Antes da década de oitenta, a maioria das explicações para este fenômeno baseava-se no fato de que deveria existir um quadro psicopatológico anterior ao abuso do álcool que estaria contribuindo para o desenvolvimento do beber excessivo. Nos últimos vinte anos no entanto as evidências, tanto de estudos laboratoriais, clínicos e epidemiológicos e de estudos longitudinais, tem demostrado que a maioria dos quadros psicopatológicos são decorrentes da intoxicação crônica pelo álcool. Ainda não existe um consenso sobre esta relação entre o consumo de álcool e psicopatologia mas com certeza ela é muito mais complexa do que inicialmente acreditávamos.
Uma parte desta complexidade advém do próprio efeito do álcool. Em baixas doses o álcool agudamente diminui a ansiedade. No entanto, quando a dose é aumentada, por um lado ainda apresenta um efeito de diminuição de ansiedade, mas por outro começa a aparecer um efeito rebote de aumento da ansiedade após o desaparecimento do efeito depressor do álcool. Pode-se argumentar que pelo menos alguns dos sintomas da ressaca que ocorre após algumas horas da intoxicação seria uma mini síndrome de abstinência, com o predomínio de sintomas de ansiedade, irritabilidade e insônia. Portanto, agudamente, o álcool pode diminuir a ansiedade ou provocar ansiedade dependendo da dose ingerida.