Comorbidades psiquiátricas: Uma visão global
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Comorbidades psiquiátricas: Uma visão global
Lílian Ratto ; Marcos Zaleski; Ronaldo Laranjeira
Comorbidade pode ser definida como a ocorrência de duas entidades diagnósticas em um mesmo indivíduo. No estudo da dependência de álcool e outras drogas, a manifestação de transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias e de outros transtornos psiquiátricos vem sendo bastante estudada já desde os anos 80 (ROSS1 et al., 1988; SLABY2, 1986). De fato, o abuso de substâncias é o transtorno coexistente mais freqüente entre portadores de transtornos mentais (WATKINS3 et al., 2001), sendo fundamental o correto diagnóstico das patologias envolvidas. Os transtornos mais comuns incluem os transtornos de humor, como a depressão, tanto uni como bipolar, transtornos de ansiedade, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, e, numa extensão menor, a esquizofrenia. Transtornos alimentares e transtornos de personalidade também apresentam estreita correlação com o abuso de substâncias.
Em 1974, Kaplan e Feinstein3a caracterizaram três classes de comorbidades: a patogênica, quando um determinado transtorno leva ao desenvolvimento de outro, e ambos podem ser etiologicamente relacionados; a diagnóstica, (dois ou mais transtornos cujos critérios diagnósticos se baseiam em sintomas não específicos); e a prognóstica, quando a combinação de dois transtornos facilita o aparecimento de um terceiro, como por exemplo, a maior chance de que um paciente com diagnóstico de depressão e ansiedade venha a apresentar abuso ou dependência de álcool ou drogas.