Cachaça, vinho, cerveja: da Colônia ao século XX
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Cachaça, vinho, cerveja: da Colônia ao século XX
Ricardo Luiz de Souza
Também conhecida como jeribita, a cachaça teve um papel de grande importância no sistema econômico ligado à produção de açúcar, com a produção de
regiões como Campos e Parati sendo direcionada para a sua elaboração (Scwhartz,1994: 17).Frei Vicente do Salvador (1982: 76), ao escrever nas primeiras décadas do século XVII, já menciona a fabricação do que chama de vinhos – muito provavelmente a cachaça – e já a usa como sinal de autonomia econômica: “Vinhos? De açúcar se faz muito suave, para quem o quer rijo, com o deixar ferver dois dias, embebeda como de uvas”. Também Gabriel Soares de Sousa (1938: 109) assinala a existência de muitas vinhas e a colheita de duas pipas anuais de vinho em São Paulo, ainda nos primórdios da colonização.
Referindo-se à Europa do século XVI, Braudel (1984, vol. I: 214) afirma: “O Norte é a região da cerveja, das bebidas feitas a partir de grãos fermentados. Já assim era na Germânia de Tácito… Para um mediterrânico estas paragens são (tanto como a Polônia) estranhos sítios onde o vinho é produto de luxo, atingindo preços incríveis”.Temos assim uma divisão geográfica, com o vinho imperando na região do Mediterrâneo, enquanto a cerveja “será, durante muito tempo, o símbolo da cultura germânica, e os pagãos usam- na em seus rituais para marcar sua oposição à sacralidade cristã do vinho” (Monatanari, 1998: 286).