Associação Entre Religiosidade E Uso De Álcool Na População Brasileira
Mirna G. Salomão Nagib, Alexander Moreira-Almeida, Ilana Pinsky, Marcos Sanches, Ronaldo Laranjeira
Resumo
Dezenas de estudos apontam para o impacto da religiosidade na saúde e no uso de álcool. No entanto, existem poucos dados provenientes de estudos com amostras nacionalmente representativas, nenhum na América Latina. Objetivo: Investigar as relações entre consumo de álcool e religiosidade na população brasileira. Método: estudo transversal em amostra representativa da população brasileira (n=3.007) obtida com amostra probabilística em 143 cidades. O estudo investigou envolvimento religioso (Religiosidade Organizacional: freqüência a serviços religiosos; Subjetiva: quão importante a religião é para o indivíduo; Filiação religiosa) e padrões de uso de álcool (uso na vida, beber em binge, dependência/abuso). Foram feitas regressões logísticas binomiais, controlando para as variáveis sociodemográficas. Resultados: Filiação religiosa e freqüência a serviços religiosos têm associação significante com o uso de bebidas alcoólicas, uso em binge e abuso/ dependência. A importância dada à religião não mostrou associação quando outras variáveis estão controladas no modelo. Aqueles que nunca vão a serviços religiosos, em relação aos que freqüentam semanalmente, têm o dobro da chance de usar bebida alcoólica na vida, beber em binge ou apresentar abuso ou dependência. Evangélicos e Protestantes possuem menor chance de consumo de álcool em relação aos católicos. Não pertencer a nenhuma religião se associa maior chance de dependência ou abuso em relação aos católicos (OR=2.4). Conclusões: Importância declarada da religião não tem efeito significativo quando controlado pelos demográficos e as outras duas dimensões religiosas. Os modelos mostram grande associação de freqüência e filiação religiosa com uso do álcool.