26 de dezembro de 2024

Produtos detox não funcionam, dizem cientistas

7 de janeiro de 20095min25

Comer frutas e legumes é a melhor maneira de nos sentirmos saudáveis, dizem cientistas

Não há evidências de que produtos para ajudar o corpo a se “desintoxicar” funcionam, alertam cientistas britânicos.
Todos os anos, em janeiro, as indústrias de cosméticos e saúde criam novos produtos para purificar, desintoxicar e restaurar o organismo após os excessos cometidos nas festas de fim de ano.
Mas o recado de um grupo de cientistas britânicos para o público é: “Economize seu dinheiro. Tome um copo de água, coma uma salada de peru e tenha uma boa noite de sono”.
Os especialistas são membros da entidade beneficente Sense About Science – cuja proposta é desmistificar a ciência e desmascarar empresas que usam jargão científico para fazer afirmações enganosas.
Eles avaliaram 15 produtos, de água engarrafada até cremes esfoliantes, e descobriram que muitas das frases usadas na promoção dos produtos “não significavam nada”.
Os cientistas pediram a fabricantes de vitaminas, shampoos, adesivos desintoxicantes e um “escovão para o corpo” evidências comprovando as propriedades desintoxicantes dos produtos.
De acordo com o Oxford English Dictionary, a palavra inglesa detox, em português, desintoxicar, significa remover substâncias ou qualidades tóxicas.
Entretanto, cada companhia questionada usava uma definição diferente do que é um produto “desintoxicante”.
Na maioria dos casos, fabricantes e vendedores foram forçados a admitir que haviam simplesmente usado a expressão desintoxicar para dar nome a processos como limpar ou escovar, os especialistas concluíram.
Toxinas
Os pesquisadores investigaram um creme para limpeza do rosto que, segundo o fabricante, desintoxica a pele ao remover toxinas.
Os cientistas verificaram que as “toxinas” eram na verdade sujeira, maquiagem e o óleo natural da pele que qualquer creme de limpeza deve ser capaz de remover.
Um tratamento de desintoxicação vendido por uma rede britânica de farmácias com o propósito de desintoxicar o corpo e eliminar toxinas também foi criticado pela falta de evidências.
A bióloga Evelyn Harvey, que analisou o produto, disse que se os consumidores fizessem a dieta saudável recomendada pela farmácia para ser seguida durante o tratamento, provavelmente se sentiriam melhor. Mas isso não tem nada a ver com o produto em si.
Ao concluir o estudo, os cientistas verificaram que, nos piores casos, tratamentos de “desintoxicação” podem ter conseqüências perigosas. E nos melhores, são um desperdício de dinheiro.
O farmacêutico Tom Wells, que participou da pesquisa, disse: “O mínimo que os vendedores de produtos desintoxicantes deveriam ser capazes de oferecer é uma noção clara do que é desintoxicar e provar de que seus produtos realmente funcionam”.
“As pessoas que contactamos não puderam fazer nenhuma das duas coisas”.
O corpo humano tem seu próprio mecanismo de desintoxicação, dizem os especialistas da entidade Sense About Science.
O intestino impede que bactérias e toxinas entrem no organismo.
Quando essas substâncias penetram no corpo, o fígado age como um extraordinário laboratório químico, na maioria das vezes, combinando as toxinas com substâncias químicas geradas pelo próprio organismo para criar um composto solúvel em água que pode ser excretado pelos rins.
Dessa forma – diz o site da entidade – o corpo faz sua própria desintoxicação. Ele se reidrata com água de torneira e se renova com uma boa noite de sono.
Tomar comprimidos desintoxicantes, usar meias desintoxicantes, tomar extrato de raiz de urtiga, chás de ervas, água “oxigenada” ou fazer dietas especiais de desintoxicação não tornam os processos naturais de desintoxicação do organismo mais efetivos.
Para os cientistas, esses produtos são um desperdício de dinheiro e apenas contribuem para a desinformação em temas como nutrição, o funcionamento do nosso corpo e processos químicos naturais.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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