A participação dos pais no desenvolvimento filhos
Plenamente informando você!
A participação dos pais no desenvolvimento dos filhos.
Selma Boer, Maria Alice Fontes P. Novaes
Jan, 2009 – Plenamente
A família constitui o primeiro e mais importante contexto social, emocional e cultural para o desenvolvimento do ser humano. E dentro das relações familiares surgem condições favoráveis ou desfavoráveis para o bem-estar psicológico das crianças.
Por que o ambiente familiar é importante para o desenvolvimento da criança?
Enquanto relações positivas e saudáveis promovem a saúde mental em todo o curso do desenvolvimento – da infância à velhice – as perturbações no funcionamento familiar constituem fatores de risco importante, deixando a criança mais vulnerável às complicações de ordem emocional. Assim, quando uma criança é encaminhada para avaliação psicológica, é fundamental que o psicólogo investigue a qualidade das relações familiares, pois é aí que está a causa da maior parte dos conflitos infantis. É pouco provável que um pai ou mãe queria propositalmente causar um impacto negativo na vida do filho. No entanto, às vezes isso acontece, sem percebermos ou desejarmos. Quando observamos que a criança começa a se comportar de modo disfuncional ou apresenta dificuldades emocionais, é importante procurar ajuda profissional de um psicólogo, para que a criança volte a se desenvolver de uma forma saudável.
Como são tratados os sintomas da criança e como os pais são envolvidos nesse processo?
Realizar psicoterapia infantil sem trabalhar com os pais é tarefa impossível, pois muitos dos comportamentos da família estão associados ao desenvolvimento e manutenção dos problemas da criança. Para que a psicoterapia da criança tenha resultados mais satisfatórios, é necessário que os pais participem das consultas de “Orientação Familiar”. Dessa forma, a criança é atendida por um psicólogo enquanto os pais são atendidos por outro, num trabalho integrado entre os profissionais.
De que forma a Orientação Familiar é importante na psicoterapia da criança?
Em primeiro lugar a Orientação Familiar proporciona aos pais perceberem a influência de seus comportamentos no desenvolvimento emocional do filho. Além disso, permite que sejam trabalhadas as expectativas dos pais em relação à criança, e tratados os comportamentos disfuncionais dos pais associados aos problemas da criança. Assim os pais podem trabalhar conjuntamente com o psicólogo, incentivando e reforçando os progressos que o filho apresentar.
Quais são as vantagens de incluir a Orientação Familiar na psicoterapia infantil?
Existem dados que revelam que essa abordagem de atendimento integrado proporciona resultados mais eficazes e mais rápidos, tanto na prevenção quanto no tratamento de problemas emocionais infantis. Devemos nos lembrar que a criança, por estar em processo de desenvolvimento, aprende a se comportar com o mundo e consigo mesma a partir da relação que tem com seus pais. Assim, é imprecindível que os pais também sejam orientados sobre a melhor forma de enfrentar e lidar com os problemas emocionais de seus filhos. Muitos pais podem se sentir culpados ao perceber a sua influência na dificuldade do filho. A Orientação Familiar também tem a função de acolher os pais, minimizando o sentimento de culpa, e encoraja-los a assumir uma nova posição diante da família e de si mesmo.
Como são tratados os pais de adolescentes?
Quando os adolescentes tem problemas emocionais, estes frequentemente tem implicações mais amplas, de âmbito familiar. Os pais às vezes podem colocar o adolescente como culpado de tudo porque não conseguem lidar com os desafios e as confrontações naturais desta fase, ou eventualmente podem se sentir sem condições de entender e enfrentar o jovem dentro de casa. Os pais de adolescentes podem ser ajudados a entender o que esta fase de mudanças representa no desenvolvimento do jovem e perceber o que está acontecendo de forma mais clara. Assim, desenvolver maneiras mais saudáveis de lidar com as reivindicações e aprender a colocar limites claros sem culpa. Neste sentido a orientação familiar regular sobre os comportamentos mais saudáveis dos pais, pode facilitar muito o trabalho psicoterapêutico com o adolescente.
Referências bibliográficas
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Friedberg RD, McClure JM. A prática clínica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes. Artmed Editora, 2004.
Graña RG. Técnica Psicoterápica da Adolescência. Artmed, 1994.
Stallard P. Guia do terapeuta para os bons pensamentos – bons sentimentos: utilizando a terapia cognitivo-comportamental
com crianças e adolescentes. Artmed Editora, 2007.