25 de dezembro de 2024

Fumar, um vício que provoca depressão

28 de janeiro de 20097min2627

Fumar já não é um prazer. Fumar se transformou em um dos vícios mais proibidos e pior vistos na sociedade. A cada dia são descobertos mais prejuízos gerados pelo tabaco e, há anos, os cientistas que se dedicam a estudar os males derivados da nicotina, tentam compreender a relação do tabaco com uma das grandes doenças que atingem a sociedade moderna: a depressão.
Destaques:

– A relação entre tabagismo e alguns transtornos psiquiátricos parece cada dia mais evidente nas sociedades ocidentais. Segundo estudos, a probabilidade de sofrer uma depressão aumenta de acordo com o número de cigarros que são consumidos por dia.

– Sentir-se acossado e com o prejuízo no bolso são razões suficientes para que o fumante entre em depressão, mas há outras razões pelas quais o tabaco pode causar o problema, cujas conseqüências e sintomas podem ser muito piores, pois afetam a saúde psíquica e física dos indivíduos.

– Com o tempo, os fumantes podem sofrer alteração dos níveis cerebrais de serotonina, substância química reguladora das emoções, que se reduz nos casos das pessoas com depressão.

Fumar se transformou nos dias de hoje em um ato quase que ilegal e a grande maioria dos países proíbe o hábito dentro de locais públicos, incluindo, os de lazer. Tão amplas e reiterativas foram as campanhas para conscientizar a população de que o tabaco prejudica a saúde, não só dos fumantes, mas também das pessoas à volta deles, que fumar passou a ser quase um crime.

O fumante é um doente em potencial e, além disso, um agressor da saúde alheia. Já não se pode fumar um cigarro para sentir o prazer da nicotina atravessando os pulmões e exalando a fumaça pelo nariz. Acabaram-se os filmes nos quais fumar era para homens elegantes ou para mulheres fatais. Agora, os heróis não fumam e, além disso, possuem porte atlético.

Outro dos elementos dissuasórios usados pelos Governos contra o tabaco é a alta dos preços que em alguns casos chega a ser proibitivo. O assédio e a luta contra os fumantes têm dado bons resultados em muitos viciados que se determinaram a abandonar o tabaco para sempre, embora haja outro setor da população que, atraído pelo perigo e pela transgressão, passou a aumentar o número de cigarros consumidos.

Sentir-se acossado e com o prejuízo no bolso são razões suficientes para que o fumante entre em depressão, mas há outras razões pelas quais o tabaco pode causar o problema, cujas conseqüências e sintomas podem ser muito piores, pois afetam a saúde psíquica e física dos indivíduos.

A nicotina, uma alegria efêmera

A relação entre tabagismo e alguns transtornos psiquiátricos é cada dia mais evidente nas sociedades ocidentais. Segundo alguns estudos, a probabilidade de se sofrer de uma depressão aumenta segundo o número de cigarros que são consumidos por dia.

Um estudo publicado nos Estados Unidos, em 1998, mostrava que entre adultos jovens o antecedente de depressão aumentava de forma significativa o risco de progressão para o tabagismo diário, enquanto um antecedente de tabagismo diário aumentava significativamente o risco de depressão.

Além disso, os autores deste trabalho concluíram que a automedicação da depressão poderia contribuir para a progressão do tabagismo e que os efeitos neurofarmacológicos da nicotina podiam estar associados à depressão. Estudos realizados recentemente na Espanha – onde pesquisadores da Universidade das Palmas de Grande Canária e da Universidade de Navarra colaboraram com epidemiologistas de Harvard (Estados Unidos) -, com 8.556 universitários que foram acompanhados por um período de seis anos, constataram o que outras pesquisas posteriores já tinham mostrado.
No estudo foram levados em conta vários fatores como a saúde física, o exercício e as circunstâncias que podiam provocar estresse. Entre estes universitários avaliou-se de forma prospectiva a presença de depressão a partir de um diagnóstico médico e do consumo de fármacos antidepressivos, relacionando-os com o consumo do tabaco. O trabalho levou à conclusão de que fumar podia contribuir diretamente no desenvolvimento de transtornos do estado de ânimo.

Com o tempo, os fumantes podem sofrer alteração dos níveis cerebrais de serotonina, substância química reguladora das emoções, que se reduz nos casos das pessoas com depressão. Estes casos de depressão foram detectados a partir de um diagnóstico médico e do consumo de fármacos antidepressivos relacionados com a nicotina.

No entanto, avaliou-se que na tendência natural a sofrer de depressão existe uma maior tendência a fumar por fatores genéticos ou ambientais. Os efeitos tranqüilizantes, psicoativos e euforizantes da nicotina incitam as pessoas depressivas a consumi-la. Quem sofre de estresse crônico ou é propenso a sofrer sintomas depressivos tende a se tornar viciado no tabaco. A relação existente entre a nicotina e o correto funcionamento da tireóide e do sistema nervoso central também favorece a tendência de consumo do tabaco.

Os especialistas apontam as conseqüências daninhas do tabaco, especialmente em relação a pessoas com tendência à depressão, aconselhando-as a procurar um médico especialista para se submeterem a um tratamento que os afaste para sempre da nicotina. Por Isabel Martinez Pita.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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