4 de dezembro de 2024

Antônio Geraldo: Você já ouviu falar sobre pensamentos intrusivos?

2 de dezembro de 2024154min14
baixados (31)

Os pensamentos intrusivos são um fenômeno comum, porém muitas vezes perturbador

Você já ouviu alguém falar que tem pensamentos intrusivos ou que os pensamentos intrusivos venceram? Pode ser uma vontade súbita de jogar o celular pela janela, empurrar alguém na rua ou gritar em público, são exemplos vívidos de como nossa mente pode nos surpreender com ideias que parecem fora de nosso controle. Esses são os chamados pensamentos intrusivos e estão gerando muito debate nas redes sociais. Todos nós estamos sujeitos a experimentar tais pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são um fenômeno comum, porém muitas vezes perturbador, que afeta uma grande parcela da população em algum momento da vida. São como visitantes indesejados que aparecem sem aviso prévio e não necessariamente refletem desejos ou intenções reais. Esses pensamentos são caracterizados por serem indesejados, persistentes e frequentemente perturbadores, podendo variar desde preocupações intensas até imagens ou ideias perturbadoras que parecem surgir do nada.

Para muitas pessoas, esses pensamentos podem ser extremamente angustiantes e difíceis de controlar. Quando esses pensamentos se tornam persistentes, intensos e perturbadores, a ponto de causar sofrimento significativo e impactar negativamente o funcionamento diário, pode ser um sinal de um transtorno mental.

Existem várias teorias sobre as causas dos pensamentos intrusivos. Em muitos casos, eles podem estar associados a Transtornos de Ansiedade, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), onde pensamentos intrusivos estão frequentemente presentes como parte das obsessões.

É importante entender que a presença de pensamentos intrusivos isoladamente não indica necessariamente um quadro psiquiátrico. O que indica que um pensamento intrusivo pode ser um sintoma de uma doença mental é a frequência, a intensidade e o impacto desses pensamentos na vida da pessoa. Quando acompanhados de outros sintomas, como ansiedade excessiva, compulsões ou evitações, é importante buscar um médico para uma avaliação psiquiátrica.

Quando uma pessoa percebe que seus pensamentos intrusivos estão afetando sua qualidade de vida, é fundamental procurar a orientação de um psiquiatra. O papel do psiquiatra é realizar uma avaliação abrangente para determinar se esses pensamentos estão relacionados a algum quadro psiquiátrico. A partir daí, são estabelecidos diagnósticos precisos e planos de tratamento personalizados de acordo com o caso do paciente.

Os tratamentos para transtornos relacionados a pensamentos intrusivos podem incluir psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda o paciente a manejar os padrões de pensamento e comportamento. Em alguns casos, se confirmado o diagnóstico do transtorno mental, pode ser necessária a administração de medicamentos para testar a doença de base.

Cuidar do corpo também traz benefícios significativos na saúde mental. Exercício físico regular e uma boa rotina de sono podem reduzir a ansiedade e ajudar a melhorar o controle sobre os pensamentos intrusivos. Cuidar da saúde mental é essencial para o bem-estar e para uma vida plena e satisfatória.

Existem formas de lidar com esses pensamentos. Quando um pensamento intrusivo surgir, é possível tentar redirecionar a atenção para algo completamente diferente. Isso pode ser uma atividade física ou uma atividade de lazer como ler um livro, assistir um filme, etc. Práticas de meditação também podem ajudar a manejar esses pensamentos.

Lidar com pensamentos intrusivos pode ser desafiador, mas há recursos disponíveis que podem ajudá-lo. Muitas pessoas conseguem reconhecer seus pensamentos intrusivos como irracionais ou indesejados, e não os transformam em ações. Para aqueles que enfrentam dificuldades em manejar esses pensamentos, interferindo significativamente nas atividades cotidianas, nos relacionamentos interpessoais e causando sofrimento é fundamental procurar um psiquiatra. E, se precisar, peça ajuda!

image.png

Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.

Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.

Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. 


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



Newsletter


    Skip to content