27 de novembro de 2024

Enfrentando os “DS” da vida: a importância da Prevenção ao Suicídio

5 de setembro de 20249min294
baixados (15)
*Por Adriana Moraes

Viver é uma caminhada repleta de desafios, momentos de alegria, mas também de adversidades que podem nos levar a um estado de desamparo e desespero. Dentro desse contexto, os “DS”: desespero, desesperança, delirium, desamparo, depressão, dependência química e dor psíquica insuportável, representam uma série de transtornos mentais e emocionais que podem desencadear pensamentos suicidas. Esses estados frequentemente estão associados ao estreitamento cognitivo, onde a capacidade de ver alternativas e soluções é consideravelmente reduzida, amplificando a sensação de que o suicídio é a única saída.
Em muitos casos, quando confrontados com essas condições avassaladoras, algumas pessoas podem começar a enxergar o suicídio como a única saída para escapar do sofrimento. No entanto, é importante ressaltar que, apesar das dificuldades, a vida sempre oferece possibilidades de superação e recuperação.Neste mês de setembro, inicia-se a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, ‘Setembro Amarelo’, realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) há 11 anos. Para começar, é fundamental compreender que esses transtornos não são sinais de fraqueza ou falta de vontade, mas sim condições médicas que demandam atenção e cuidado especializado.

Desespero
O desespero, em relação ao suicídio, é uma sensação avassaladora de falta de saída diante da dor emocional insuportável. Essa intensa emoção de desamparo e desesperança pode levar indivíduos a considerar o suicídio como a única solução para escapar do sofrimento. Reflete uma profunda angústia psicológica e uma percepção de incapacidade para lidar com circunstâncias adversas. Intervenções eficazes são essenciais para promover esperança, resiliência e acesso a recursos de apoio.

Desesperança
A desesperança no contexto do suicídio é a perda de fé ou expectativa de que as circunstâncias possam melhorar. É caracterizada pela resignação diante das dificuldades, onde a pessoa não consegue visualizar um futuro melhor ou encontrar significado em continuar vivendo. Esse sentimento pode alimentar pensamentos suicidas, levando os indivíduos a acreditar que não há esperança de alívio ou recuperação.

Deliruim
O delirium em relação ao suicídio se refere a estados mentais confusos e distorcidos, nos quais a percepção da realidade fica comprometida. Isso pode levar a interpretações distorcidas da situação e das possíveis soluções, amplificando sentimentos de desespero e desamparo. O delirium aumenta o risco de comportamentos suicidas, destacando a necessidade de intervenções urgentes para estabilizar o estado mental da pessoa e fornecer apoio terapêutico adequado.

Desamparo
O desamparo no contexto do suicídio é uma sensação de completa impotência e falta de recursos para lidar com as dificuldades da vida. É uma experiência emocional devastadora, na qual a pessoa se sente abandonada e incapaz de encontrar soluções para os problemas que enfrenta. Esse sentimento pode levar a uma profunda sensação de isolamento e desespero, aumentando o risco de ideação suicida. É fundamental oferecer apoio emocional, social e terapêutico para ajudar a pessoa a recuperar o senso de controle sobre sua vida e encontrar esperança no futuro.

Depressão
A depressão, quando relacionada ao suicídio, é uma condição mental debilitante que afeta o humor, os pensamentos e o comportamento de uma pessoa. Caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza, desesperança e falta de interesse nas atividades cotidianas, a depressão pode distorcer a percepção da realidade e aumentar a vulnerabilidade a pensamentos suicidas. Os sintomas podem ser incapacitantes, dificultando a visão de uma vida livre do sofrimento emocional. Portanto, é necessário oferecer apoio profissional, tratamento adequado e intervenções terapêuticas para ajudar a pessoa a encontrar alívio dos sintomas e recuperar a esperança em um futuro melhor.

Dependência química
A dependência química, em relação ao suicídio, é um desafio complexo que envolve a busca compulsiva e descontrolada por substâncias psicoativas, apesar das consequências adversas para a saúde física, mental e social. O uso abusivo de drogas pode agravar sintomas de desesperança, desamparo e depressão, aumentando o risco de ideação e comportamento suicida. A dependência química frequentemente está associada a problemas de saúde mental subjacentes, tornando fundamental o acesso a tratamento especializado e apoio contínuo para promover a recuperação e prevenir o suicídio.

Dor psíquica insuportável

A dor psíquica insuportável é uma angústia emocional avassaladora que ultrapassa o sofrimento físico, muitas vezes resultante de traumas, perdas importantes ou transtornos mentais graves. Essa dor se manifesta como um vazio, desespero e uma tristeza intensa, aumentando o risco de ideação e comportamento suicida. Intervenções terapêuticas e apoio emocional são essenciais para ajudar a pessoa a encontrar esperança e maneiras saudáveis de lidar com sua dor.


Tratamento
É importante enfatizar que os “DS” têm tratamento. Através de abordagens terapêuticas como psicoterapia, terapia medicamentosa, programas de reabilitação para dependência química e intervenções multidisciplinares, é possível reduzir os sintomas, promover o bem-estar emocional e proporcionar uma melhora notável na qualidade de vida.
 
Cada pessoa é valiosa e merece uma chance de viver uma vida plena e com sentido. Ao invés de enxergar o suicídio como a única saída, é preciso cultivar a esperança, a resiliência e a vontade de buscar ajuda.
Portanto, durante o Setembro Amarelo e em todos os outros meses do ano, vamos unir nossos esforços para promover a prevenção ao suicídio e oferecer apoio incondicional àqueles que estão enfrentando os “DS” da vida. Juntos, podemos construir uma rede mais solidária, compassiva e acolhedora, onde a vida sempre prevalece como a melhor opção.

Em casos de urgência é necessário chamar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), através do número 192. Se este texto conseguir ajudar ao menos uma pessoa, já terá valido muito a pena!

 

 *Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



Newsletter


    Skip to content