Maconha: opinião sobre risco à saúde, consumo de produtos, legalização
*Por Adriana Moraes
O consumo de drogas ilícitas vem crescendo absurdamente nos últimos anos e tornou-se motivo de preocupação constante da sociedade brasileira. O uso da maconha tem sido alvo de muita atenção pela mídia, bem como na área científica em geral.
A maconha vai agir principalmente nas áreas cerebrais responsáveis pela coordenação, percepção do tempo e espaço, julgamento e memória, além de agir indiretamente no sistema de recompensa cerebral. O uso da erva faz com que o indivíduo sinta uma diminuição do perigo relacionado ao problema a ser enfrentado. O fumar muitas vezes começa igualmente, a ser associado a várias situações pelas quais o indivíduo passa, por exemplo: se ele está nervoso fuma; se está tenso fuma para relaxar, se sente depressivo fuma, se tem um problema fuma antes de pensar em tentar resolvê-lo e assim por diante.
Opiniões sobre a maconha:
Psiquiatra Dr. Sergio Paulo Ramos
Em jovens, o uso de maconha está associado ao desenvolvimento de esquizofrenia, depressão e queda do rendimento escolar e acadêmico. Maconha na adolescência é uma fábrica de losers. Já existem muitos trabalhos mostrando que, se você usou maconha na adolescência, aos 25 anos vai ter menos diploma universitário, menos relações amorosas estáveis e menos emprego do que quem não usou. [1]
Mestre Rodrigo Rossetti
É cada vez mais comum a venda de brigadeiros, biscoitos e brownies feitos com maconha nas ruas do Recife. Na avaliação do mestre em Ciência e Tecnologia de Alimento pela UFRPE e especialista em gastronomia alternativa, Rodrigo Rossetti, a situação pode soar como uma brincadeira inocente, mas não é. Ele explicou que, ao ingerir a maconha, a pessoa expõe o organismo a altos níveis de THC (tetra-hidrocanabinol), componente da planta responsável por seus efeitos. “Dependendo do metabolismo, a intoxicação pode durar dias. E não é só isso. Problemas a longo prazo também podem ocorrer. Comendo ou fumando, o THC ataca os neurônios. As pessoas comem sem ter ideia do mal que estão fazendo a si mesmas, alerta, acrescentando que, ao comprar, elas contribuem indiretamente com o tráfico. [2]
Psiquiatras – Dr. Claudio Jerônimo e Dr. Marco Antonio N. Echevarria
Sobre o THC, acumulam-se evidências de que é o responsável não apenas pela dependência, mas por todos aqueles diversos outros efeitos maléficos. Um estudo de revisão publicado em abril de 2016 na Biological Psyhicatry, uma das mais conceituadas revistas de Psiquiatria, ressaltou as principais alterações cerebrais encontradas em estudos com usuários de longo prazo de maconha. A maioria deles iniciou o uso entre 15 e 17 anos de idade, por períodos que variam entre 2 e 23 anos. As áreas cerebrais mais afetadas são aquelas também com maior densidade de receptores canabinoides CB1: ocorrem diminuições volumétricas e de densidade de matéria cinzenta no hipocampo (associado à memória), nas amígdalas, no estriado (região cerebral ligada ao sistema motor e comportamento), no córtex orbitofrontal, no córtex insular e no cerebelo. São regiões cerebrais relacionadas à memória, à emoção, à tomada de decisão e ao equilíbrio motor. [3]
Legalização
Uma pesquisa exclusiva feita pelo Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo mostrou que 70,9% da população é contra a legalização da maconha e 84,3% contra a da cocaína. A maioria da população brasileira é contra a proposta de legalização de drogas, tanto cocaína quanto maconha. A maior rejeição está entre as pessoas com menor nível de escolaridade e nas regiões Norte e Centro-Oeste. Na faixa etária, o maior índice de resistência à proposta está entre os de meia-idade. [4]
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
Referências:
[2]http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/25073-os-perigos-da-droga-em-forma-de-doce