Luz no fim do túnel: tratamento para os usuários de crack
Nas últimas semanas temos acompanhado as ações realizadas na cracolândia, uma pergunta que muitos fazem, existe saída para os dependentes químicos de crack? Existe uma luz no fim do túnel? Sim, o tratamento especializado!
A epidemia das drogas, em especial do crack é uma realidade em nossa cidade. Inacreditável, por razões variadas, em um mesmo lugar crianças, adolescentes, mulheres, gestantes, homens, idosos, dividiam na cracolândia o espaço com o lixo, tendo como prioridade apenas usar o crack e outras substâncias. Traficantes vendendo a droga, usuários comprando, outros roubando para manter seu vício, vários dependentes com seu cachimbo fumando o crack em plena luz, mas tudo indica que a cracolândia está acabando, está pelo menos muito perturbada.
No momento em que só se fala sobre tumultos na cracolândia, comércio e consumo de drogas, confusão e dispersão de usuários no entorno da Praça Princesa Isabel, enfim, parabenizo o Jornal O Estado de S. Paulo, que fez um especial sobre tratamentos para os usuários de drogas, o Jornal acompanhou a rotina de alguns pacientes na Comunidade Terapêutica Santa Carlota em Itapira São Paulo. No especial um dos participantes disse que: “o crack tem um poder hipnótico, ele faz você sair do seu estado de sanidade, qualquer coisa que você não faria, por uma questão de caráter, você passa a fazer se precisar comprar a droga.” Essa é a realidade dos dependentes, totalmente dominado pela ação das drogas, vivem em um estado de consciência alterado, colocando sua vida e de outros em risco. [1]
Direito a saúde
A saúde é um direito de todos os brasileiros, garantido pela Constituição Federal de 1988.
É dever do Estado em prover, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), os cuidados aos dependentes químicos frequentadores não só da Cracolândia paulistana, mas de todos os espaços públicos igualmente degradados em seu território, com a adoção de medidas de internação involuntária, quando diagnosticada como medida mais adequada sob o ponto de vista médico e, na esfera jurídica, com amparo na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, sem que se avente em contradita qualquer violação ao direito de ir e vir do portador de transtorno mental ou com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. [2]
Psiquiatras experientes falando sobre tratamento
Dr. Claudio Jerônimo psiquiatra Diretor da Unidade Recomeço Helvétia, disse que o tratamento é um processo com diversas fases, que vai desde a abordagem do usuário até a reinserção social. Dificilmente um único equipamento de saúde dará conta das diversas necessidades que do paciente em momentos diferentes da recuperação. Parar de usar droga é uma etapa muito importante do processo, mas há outras necessidades. O Programa Recomeço tem desde ação de baixa exigência até ações de reinserção social no âmbito da saúde.
Em qualquer fase do processo de recuperação o paciente/ usuário pode acessar o programa. Ele pode acessar o programa de baixa exigência comparecendo, por exemplo, no Centro de Convivência da Unidade Recomeço Helvétia: é só ir até lá dar o seu nome e realizar as atividades ali disponibilizada, como banho, barbearia, cozinha experimental, academia, entre outras. Ele pode ainda acessar o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) CRATOD (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas) ou a emergência CRATOD que funciona 24 horas por dia, e a partir daí acessar qualquer equipamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS (Sistema Único de Saúde).
Dr. Ronaldo Laranjeira psiquiatra Coordenador do Programa Recomeço, explicou que em São Paulo, o Recomeço estruturou uma linha de cuidados que prevê o atendimento mais simples, como o ambulatorial, e até internações e procedimentos terapêuticos de alta complexidade. O programa conta com mais de 3.000 leitos em clínicas e comunidades terapêuticas no Estado, uma rede destinada para tratamento, desintoxicação e apoio social a usuários de drogas. De 2013 a 2016, o Recomeço já fez 53.214 triagens e acolhimentos e viabilizou a desintoxicação hospitalar de 11.507 pacientes 8.904 voluntários, 2.580 involuntários e 23 compulsórios. [3]
É importante mencionar que a Prefeitura de São Paulo também está realizando um trabalho com os dependentes químicos, com o Projeto Redenção, sob coordenação do psiquiatra Dr. Arthur Guerra.
Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo
(imagem reprodução)
O prefeito João Doria fez uma excelente aquisição ao contratar a Procuradora Dra. Eloisa Arruda como Secretária de Direitos Humanos.
A digníssima Dra. iniciou seu trabalho com a dependência química em 2011 quando se tornou Secretária da Justiça de São Paulo. Uma das suas primeiras ações foi implantar a COED (Coordenação de Política sobre Drogas) exatamente pela percepção que tinha da necessidade de dar atenção especial a este grave problema da sociedade em que vivemos. Eloisa também esteve presente no início do Programa Recomeço e ajudou na implantação do setor jurídico no CRATOD, onde juízes, promotores, advogados e defensores públicos, acolhem, orientam e assistem aos dependentes químicos e seus familiares.
Palavras da Dra. Eloisa Arruda: “Tenho garra, foco e determinação para alcançar meus objetivos” realmente é a profissional ideal para esse cargo!
É imprescindível a integração de todas as polícias Militar e Civil e da GCM, Prefeitura e Estado, profissionais da saúde, Secretaria de Direitos Humanos, para que juntos consigam amparar os dependentes químicos que necessitam de ajuda e tratamento!
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).
Referências:
[2]http://www.conjur.com.br/2012-jul-31/pm-respeitar-direito-ir-vir-usuarios-drogas-cracolandia